Hidrogênio Verde - Conteúdo Local - Brasil

Conteúdo Local no Hidrogênio Verde: Catalisador de uma Nova Cadeia de Valor no Brasil 

O hidrogênio verde desponta como peça-chave na transição energética global – e, no Brasil, surge também como uma oportunidade singular de desenvolvimento industrial. Mas para transformar esse potencial em realidade econômica e social, cresce o debate sobre conteúdo local no hidrogênio verde, ou seja, sobre a participação de empresas, tecnologias e mão de obra nacionais em toda a cadeia produtiva dessa nova indústria. Quais políticas públicas estão sendo adotadas? O que dizem as leis, planos de governo e especialistas? E como empresas e projetos estão incorporando (ou planejando incorporar) conteúdo local? Neste artigo, vamos dissecar essas questões de forma didática e aprofundada, mostrando como o Brasil pode neoindustrializar-se com o hidrogênio verde, alinhando transição energética com geração de valor interno. 

Marco Legal e Políticas Públicas para Conteúdo Local no Hidrogênio Verde 

Nos últimos anos, o governo brasileiro deu passos importantes para criar um arcabouço regulatório visando incentivar a indústria do hidrogênio de baixo carbono – incluindo dispositivos voltados ao conteúdo local. O ponto de partida é a Lei nº 14.948/2024, sancionada em agosto de 2024, que estabeleceu o marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono. Essa lei criou categorias (hidrogênio de baixa emissão, renovável, verde etc.) e, principalmente, implementou incentivos fiscais através do Rehidro – Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixa Emissão. Para que empresas possam habilitar-se ao Rehidro e usufruir de benefícios (como suspensão de tributos na compra de máquinas e equipamentos), a lei determinou requisitos obrigatórios, entre eles: 

  • Utilizar um percentual mínimo de conteúdo local no processo produtivo – isto é, empregar bens e serviços nacionais na implantação e operação dos projetos de H₂ verde. Essa exigência poderá ser dispensada caso não existam produtos nacionais equivalentes ou se a oferta interna for insuficiente, uma cláusula de flexibilidade para não travar projetos iniciais. 
  • Realizar um investimento mínimo em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), outra contrapartida importante alinhada ao fortalecimento tecnológico local. 

Os detalhes desses requisitos (porcentagem exata de conteúdo local, valor de investimento em PD&I, formas de verificação, prazos, etc.) serão definidos em regulamentação pelo Poder Executivo. O Ministério de Minas e Energia (MME) assumiu o compromisso de apresentar essa regulamentação em até 90 dias após a sanção da lei, e uma tomada de subsídios pública foi realizada para coletar contribuições da sociedade sobre como implementar essas exigências. Nessa consulta, diversos atores opinaram sobre o conteúdo local: houve quem sugerisse percentuais iniciais modestos, em torno de 10%, para não inviabilizar os primeiros projetos dada a dependência de tecnologia importada, bem como propostas de escalonamento ao longo do tempo para atingir patamares maiores (40-50% ou mais) conforme a indústria nacional ganhe capacidade. Também se discutiu como certificar e rastrear o conteúdo local – inclusive cogitando uso de blockchain e auditorias independentes – e qual entidade faria essa fiscalização. A tendência é que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que tem larga experiência em conteúdo local no setor de petróleo, fique responsável por verificar o cumprimento dessas obrigações nos projetos de hidrogênio. 

Paralelamente à lei do hidrogênio, outras iniciativas legislativas e estratégicas reforçam a importância do conteúdo local. O Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), lançado pelo MME em 2021, já apontava a necessidade de desenvolvimento da cadeia produtiva doméstica e da cooperação internacional em tecnologia. A ideia é que o Brasil não deve ser apenas exportador de matéria-prima, mas aproveitar o hidrogênio para gerar produtos de maior valor agregado e empregos qualificados

Incentivos Fiscais Condicionados e o Papel do BNDES 

Além da legislação, os instrumentos de financiamento público serão alavancas fundamentais para impulsionar o conteúdo local no hidrogênio verde. Nesse contexto, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desponta como ator-chave. Historicamente, o BNDES foi responsável por induzir a nacionalização de equipamentos nas energias renováveis – por exemplo, na década passada, vinculou crédito barato à produção local de aerogeradores e componentes eólicos, o que resultou em mais de 80% dos equipamentos sendo fabricados no país. Agora, a estratégia será replicada no hidrogênio verde. 

Isso não significa que projetos imediatos não possam ter importação. No entanto, o banco pretende usar mecanismos como o Fundo Clima (que oferece crédito com juros menores e prazos longos) para tornar mais atraentes os projetos que incluam fornecedores nacionais, e gradativamente elevar a exigência de conteúdo local. Em outras palavras, à medida que o mercado de hidrogênio verde for ganhando tração, espera-se que fabricantes internacionais estabeleçam plantas no Brasil ou formem joint-ventures locais para atender às regras de financiamento e às demandas do mercado interno. 

Em suma, os financiamentos do BNDES e os créditos fiscais do Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC) – que foi aprovado pelo Congresso em 2024 com R$ 18,3 bilhões em créditos tributários previstos – estarão direcionados não apenas à produção de H₂ em si, mas ao adensamento da cadeia produtiva nacional como critério de seleção dos projetos. 

Hubs de Hidrogênio Verde e Conteúdo Local Regional 

No front dos estados e projetos locais, o Brasil já vivencia um boom de anúncios de “hubs” de hidrogênio verde em portos e polos industriais – e neles também aparece a preocupação com conteúdo local e desenvolvimento regional. Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Bahia são exemplos de estados que trabalham na implantação de hubs de H₂V, aproveitando suas condições de vento e sol, terrenos disponíveis e portos para exportação. Muitos desses projetos estão em Zonas de Processamento de Exportação (ZPE), onde se combinam incentivos fiscais e exigências de contrapartidas. Um caso emblemático é o do Ceará: o Porto do Pecém abriga um hub de hidrogênio verde em desenvolvimento e, em outubro de 2024, o Conselho Nacional das ZPEs aprovou a instalação de um mega projeto nesse local. Como contrapartida para operar na ZPE, a empresa terá que utilizar bens e serviços nacionais e investir em PD&I, sendo que os percentuais mínimos de conteúdo local e de P&D serão fixados conforme a regulamentação do Rehidro. Em outras palavras, já se vinculou formalmente o benefício fiscal da ZPE a requisitos de conteúdo local – uma sinalização clara de política pública. 

No Nordeste brasileiro, essa agenda ganha contornos regionais. Há um entendimento de que, além de conteúdo nacional, é preciso fomentar o conteúdo regional para evitar a concentração dos benefícios apenas no Sudeste do país. Isso implica, por exemplo, incentivar que partes da cadeia de suprimentos – como montagem de equipamentos, estruturas metálicas, insumos químicos – se instalem nos próprios estados onde o hidrogênio será produzido. Governos estaduais e instituições locais estão se movimentando: o Ceará criou uma coordenação para o hub de H₂V, Pernambuco (Porto de Suape) firmou parcerias com empresas estrangeiras visando projetos que contem com fornecedores locais, e o Banco do Nordeste busca captar recursos para financiar indústrias complementares na região. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) mapeou mais de 20 projetos de hidrogênio renovável anunciados no Brasil, totalizando R$ 188,7 bilhões em investimentos previstos – e cerca de 60% desse montante concentra-se no Ceará. Isso mostra a escala da oportunidade e, ao mesmo tempo, o desafio: articular política industrial regional para que parte desses bilhões se traduzam em fábricas e empregos locais (e não vazem integralmente na importação de equipamentos). 

Empresas, Parcerias Tecnológicas e Transferência de Tecnologia 

Do lado empresarial, como está a participação de empresas brasileiras e a visão das multinacionais sobre conteúdo local? Apesar do setor de hidrogênio verde ainda estar nascentes, já vemos movimentos concretos visando parcerias tecnológicas e nacionalização de equipamentos-chave

  • Projetos piloto com envolvimento de empresas nacionais: A primeira planta-piloto de hidrogênio verde da Petrobras, prevista para 2026 no Rio Grande do Norte (2 MW de eletrólise), está sendo implementada em cooperação com o Instituto Senai de Inovação e executada pela empresa catarinense WEG. Ou seja, embora o eletrolisador em si provavelmente seja importado, a integração e obras ficam a cargo de uma engenharia brasileira, capacitando equipes locais. A WEG, gigante nacional do setor elétrico, já fornece componentes (transformadores, sistemas de armazenamento de energia) para projetos de H₂ e sinaliza interesse em atuar mais nesse mercado. Em 2023, por exemplo, a WEG participou de um projeto de P&D da Eletrobras Furnas em Itumbiara (MG), instalando baterias para acompanhar um eletrolisador; também forneceu transformadores para uma planta de hidrogênio verde no Ceará. Essas participações inserem a indústria eletroeletrônica brasileira na cadeia do hidrogênio desde o início. 
  • Primeiros investimentos industriais privados: A empresa química Unigel inaugurou, em 2023, uma planta de hidrogênio verde e amônia verde na Bahia, utilizando quatro eletrolisadores importados da alemã Thyssenkrupp Nucera (60 MW no total na primeira fase). Embora o núcleo tecnológico tenha vindo de fora, a Unigel já discute expansões e vem defendendo políticas de financiamento que permitam localização gradativa de fornecedores. Representantes da Unigel indicaram que, conforme o mercado doméstico se consolide, haveria interesse em atrair fabricantes de eletrolisadores para o Brasil – afinal, a empresa planeja ampliar a capacidade para até 240 MW e depois para 600 MW, volumes que justificariam produção local. Esse ponto é crucial: a demanda inicial garantida é o que atrai a indústria fornecedora. Por isso, o próprio presidente da ABDI questionou se as máquinas viriam todas da Europa; a expectativa do governo e setor industrial é que projetos como o da Unigel, Fortescue e outros em pipeline formem uma massa crítica de demanda capaz de convencer multinacionais a instalarem fábricas no Brasil (como ocorreu com montadoras de aerogeradores anos atrás). 
  • Parcerias de P&D nacionais: Há iniciativas explícitas para desenvolver tecnologia brasileira de eletrolisadores. Em 2023, a Clark Solutions, empresa nacional de engenharia de processos, firmou uma parceria com o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) para desenvolver eletrolisadores alcalinos nacionais. O objetivo é reduzir a dependência de tecnologias importadas e criar know-how local nesse equipamento fundamental. Conforme nota da empresa, o Brasil hoje depende de importação para projetos em larga escala de H₂V, e “com essa parceria, a Clark Solutions busca preencher essa lacuna, desenvolvendo soluções que reduzam a necessidade de importação e fortaleçam a indústria nacional”. Iniciativas assim, alinhadas ao PNH2, demonstram visão de longo prazo: mesmo que os primeiros projetos usem máquinas estrangeiras, a ideia é que em 5-10 anos existam opções feitas no Brasil (nem que seja via licenciamento ou co-fabricação). Centros de pesquisa como SENAI CIMATEC (Bahia) e universidades federais também estão envolvidas em projetos de eletrólise, células a combustível e produção de derivados de H₂, frequentemente em consórcios com empresas. Esse ecossistema de inovação será um pilar para elevar o conteúdo tecnológico local, formando engenheiros e técnicos especializados. 
  • Transferência de tecnologia via joint ventures: Algumas empresas estrangeiras já sinalizaram disposição para parcerias locais. A Thyssenkrupp Nucera, fornecedora da Unigel, assinou memorandos buscando cooperar no Brasil além da venda de equipamentos – possivelmente vislumbrando construção local conforme o mercado cresça. Outras gigantes, como Siemens Energy, Nel, Cummins (que adquiriu a Hydrogenics) e Plug Power, abriram escritórios ou representações no Brasil para acompanhar os projetos de H₂. A Cummins, por exemplo, trouxe ao país unidades de eletrolisadores para demonstração e mencionou em entrevistas que está “conversando com clientes brasileiros” de olho nas oportunidades. Embora nenhuma tenha anunciado fábricas no país ainda, executivos dessas companhias têm participado ativamente de eventos e grupos de trabalho do governo, frequentemente ressaltando que estabilidade regulatória e incentivos claros de mercado (como leilões de compra de hidrogênio ou financiamento atrelado a conteúdo local) seriam gatilhos para investir aqui. Ou seja, o posicionamento dessas multinacionais é: interesse existe, mas esperam volume de pedidos e políticas definidas para justificar a transferência de parte da produção para o Brasil. 

Por fim, vale citar o envolvimento de setores correlatos da indústria brasileira na cadeia do hidrogênio verde. Fabricantes de equipamentos para óleo e gás, como Ocyan, Prumo Logística (Porto do Açu) e Tomé Engenharia, estão explorando adaptar suas capacidades (ex: montagem de skids, tanques de armazenagem, dutos) para atender projetos de H₂. A indústria metal-mecânica de Pernambuco e Ceará também vislumbra fornecer estruturas e montagens para os hubs locais. Empresas do setor químico (Braskem, Yara etc.) e de fertilizantes veem no hidrogênio verde uma extensão natural de seus negócios, o que pode trazer encomendas para caldeirarias, válvulas e instrumentação nacionais. Em suma, há um mosaico de empresas brasileiras – grandes e pequenas – buscando seu espaço, seja como fornecedoras diretas de tecnologias, seja como integradoras e prestadoras de serviço especializadas, o que no agregado aumenta o conteúdo local dos empreendimentos. 

Desafios e Oportunidades: Equilíbrio Entre Competitividade e Desenvolvimento 

Implementar uma política eficaz de conteúdo local no hidrogênio verde envolve navegar por desafios complexos, mas as oportunidades de ganho industrial e sustentável são enormes: 

  • Concorrência internacional e curva de aprendizado: Hoje, a realidade é que os principais componentes de um projeto de H₂ verde (eletrolisadores, compressores, tanques criogênicos, células a combustível, etc.) são produzidos majoritariamente fora do Brasil, com destaque para Europa, Estados Unidos e, cada vez mais, China. A China, aliás, detém cerca de 60% da capacidade mundial de fabricação de eletrolisadores, aproveitando décadas de experiência em eletrolisadores alcalinos para indústria química. Esse domínio permite aos chineses ofertarem equipamentos de qualidade a preços significativamente menores que concorrentes ocidentais. Estudos indicam que eletrolisadores chineses podem reduzir em 30% a 45% o custo de investimento de um projeto até 2030. Inclusive, a própria Eletrobras apontou que, se utilizasse um eletrolisador chinês em seu piloto de Itumbiara, o custo de produção de H₂ seria 30% inferior. Esses números ilustram o dilema: insistir em conteúdo local logo de saída pode encarecer demais os projetos, afetando a competitividade do hidrogênio brasileiro no mercado internacional; por outro lado, não estabelecer diretrizes para nacionalização significa abdicar da chance de construir uma indústria própria. A saída que se desenha é um equilíbrio progressivo: exigir um mínimo viável agora (10% a 20%, por exemplo) e elevar gradualmente, combinando com incentivos para transferência de tecnologia. Assim, garante-se que o Brasil participe da produção global sem se fechar a fornecedores estrangeiros no curto prazo. 
  • Capacitação e infraestrutura: Desenvolver localmente uma cadeia de valor para hidrogênio requer capacitar desde soldadores especializados para montar eletrolisadores até engenheiros químicos para projetar plantas de amônia verde. Programas de treinamento, cursos técnicos e parcerias academia-indústria precisarão acompanhar o ritmo. Da mesma forma, instalações fabris e laboratórios de teste terão de ser criados ou adaptados. Por exemplo, será necessário certificar componentes de acordo com padrões internacionais de segurança de hidrogênio – papel que instituições como o RBNA Consult podem cumprir. Tudo isso demanda investimento e coordenação, mas também gera externalidades positivas: uma força de trabalho mais qualificada e infraestruturas industriais modernas que podem atender outros setores (como energia e óleo & gás). 
  • Visão de longo prazo x urgência climática: Enquanto construir conteúdo local pode levar alguns anos para dar frutos (fábricas, R&D e fornecedores maduros talvez só após 2030), a transição energética e a competição por mercados de hidrogênio acontecem agora. A Europa, via Global H2 Alliance, já busca acordos de importação de hidrogênio verde; países como Austrália, Chile e Arábia Saudita estão na corrida. O Brasil precisa mostrar capacidade de entrega rápida de volumes de H₂ para não perder contratos. Portanto, o governo tem o desafio de conciliar metas de conteúdo local com a necessidade de viabilizar projetos imediatamente. Soluções possíveis incluem: foco em derivados de hidrogênio de maior valor (como amônia, metanol, aço verde) onde podemos ter margens melhores mesmo com custos domésticos um pouco maiores; e criação de mecanismos de financiamento climático (como o Fundo Verde aprovado na Câmara em 2024) que compensariam eventuais sobrecustos de se comprar nacional nos primeiros anos. A retórica oficial já indica esse caminho, ao afirmar que o hidrogênio deve trazer “mais conteúdo local, inovação tecnológica e novos produtos verdes” gerando ganhos econômicos, sociais e ambientais de forma conjunta. 
  • Geração de valor agregado: A grande oportunidade do conteúdo local não é apenas fabricar equipamentos, mas sim reposicionar a indústria brasileira em cadeias globais de valor. Com o hidrogênio verde, o Brasil pode aspirar não só a exportar o combustível em si, mas produtos finais feitos com ele. “Não basta exportar amônia e metanol. Nós queremos exportar aço verde, cimento verde, produtos de valor agregado a partir do hidrogênio verde, não apenas a commodity”, disse Ricardo Capelli. Isso significa usar o hidrogênio produzido aqui para agregar valor internamente – revitalizando indústrias como a siderurgia, fertilizantes, petroquímica e vidro com processos de baixa emissão. Essa estratégia multiplica o efeito do conteúdo local: além do conteúdo na produção do hidrogênio, há o conteúdo nacional nos produtos industriais finais. Por exemplo, se o Ceará conseguir atrair uma planta de DRI/HBI (ferro-esponja) movida a H₂ para produzir aço verde para exportação, estará viabilizando não apenas a exportação de moléculas, mas de um produto siderúrgico de alto valor feito majoritariamente com insumos e mão de obra locais. Essa é a visão de longo prazo que muitos especialistas e autoridades defendem como “neoindustrialização verde” do Brasil. 

Em conclusão, o conteúdo local no hidrogênio verde não é um fim em si mesmo, mas um meio para que a transição energética impulsione o desenvolvimento econômico do Brasil de forma sustentável e inclusiva. As políticas públicas já lançadas – lei do hidrogênio, incentivos do Rehidro/PHBC, PNH2 – demonstram o compromisso do país em criar condições para uma indústria nacional do hidrogênio. Há um alinhamento inédito entre áreas de energia, indústria e clima: órgãos como MME, MDIC, BNDES e ABDI trabalham em conjunto para equilibrar atração de investimentos estrangeiros com fortalecimento da base local de fornecedores. Os primeiros projetos e hubs servirão de vitrine, e os aprendizados iniciais serão valiosos para ajustar as exigências de conteúdo local de forma realista. Se bem-sucedido, o Brasil poderá emergir nos próximos anos não apenas como um dos maiores produtores mundiais de hidrogênio verde, mas também como exportador de tecnologia, serviços e produtos verdes de alto valor, apoiado por uma cadeia produtiva doméstica robusta. Em suma, o hidrogênio verde oferece ao Brasil a chance de pagar a dívida histórica com a descarbonização e de inaugurar um novo capítulo de desenvolvimento industrial – uma oportunidade que exige visão estratégica e execução cuidadosa, mas cujos benefícios podem se estender por décadas em termos de empregos, inovação e liderança ambiental.  

Fontes: Ministério de Minas e Energia, MDIC, BNDES, ABDI, EPE, Lei 14.948/2024, Agência Senado, Agência Câmara, Agência Brasil, Eixos – Diálogos da Transição, consultas públicas (Participa + Brasil), entrevistas e declarações de especialistas do setor de energia e indústria. Todas as informações e citações foram obtidas de documentos oficiais e notícias recentes, conforme referências ao longo do texto. 

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