Escolha sobre o que você quer ler

crédito de carbono

Quais atividades podem gerar créditos de carbono?

1024 683 RBNA Consult

ícone redondo laranja com o texto "Blog - ESG - Environmental - by rbnaconsult.com"

As pessoas frequentemente pensam que basta remover o dióxido de carbono da atmosfera para gerar créditos de carbono. Infelizmente, não é tão simples assim. Os créditos de carbono são emitidos por programas de gases de efeito estufa, como Verra, Gold Standard, GCC e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da UNFCCC, ou por governos, como o California Air Resources Board. É necessário que as remoções de carbono (e emissões, caso algo dê errado) sejam certificadas por terceiros de acordo com normas e metodologias específicas. As regras variam entre os diferentes programas, mas algumas atividades de projetos são geralmente aceitas, enquanto outras são normalmente rejeitadas. Aqui vão alguns exemplos:

 

Soluções florestais

Florestas são a primeira coisa que vem à mente quando se pensa em sumidouros de carbono. De fato, projetos de reflorestamento são quase universalmente aceitos como meios de remoção de carbono. As árvores absorvem CO2 por meio da fotossíntese enquanto crescem e o transformam em matéria orgânica, ou seja, folhas, galhos e raízes, efetivamente retendo-o em seus corpos. Plantar novas árvores e garantir que elas não sejam queimadas ou derrubadas é uma ótima maneira de remover carbono e posteriormente emitir créditos de carbono.

Por outro lado, as florestas maduras e antigas são mais complicadas. Mesmo que elas sequestrem grandes quantidades de CO2, para emitir créditos de carbono, o proponente do projeto deve provar que essas emissões são maiores do que aquelas que ocorreriam se as atividades do projeto não tivessem acontecido. Um conceito chamado “adicionalidade”. Nem todos os programas de gases de efeito estufa estabeleceram metodologias para permitir a remoção incremental de CO2 em florestas maduras e, ainda que possa ser possível emitir créditos de carbono nesses casos, há menos caminhos e metodologias disponíveis.

 

Agricultura e usos da terra

Apesar de não serem tão óbvias quanto as soluções florestais, as rotas de agricultura e usos da terra também estão disponíveis em vários programas de gases de efeito estufa, incluindo o Gold Standard, Verra e o MDL. Pode-se optar por aumentar o carbono do solo por meio de práticas aprimoradas de cultivo, reduzir as emissões de metano provenientes da fermentação entérica em vacas leiteiras, diminuir as emissões de N2O usando sementes eficientes no uso de nitrogênio que requerem menos fertilizantes ou até reduzir a decomposição anaeróbica de matéria orgânica em solos de cultivo de arroz, diminuindo assim as emissões de metano. Existem inúmeras metodologias nos mais diferentes programas.

 

Energia

Promover energia renovável também é uma das rotas mais populares. O setor de energia é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa do mundo, sendo responsável por 73% das emissões globais. Energia eólica, solar e hidrelétrica emitem poucos ou nenhum gás de efeito estufa e, portanto, têm um enorme potencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A maioria dos programas possui metodologias para emissão de créditos de carbono para energia limpa, incluindo o Verra, Gold Standard e o MDL. No entanto, existem algumas restrições.

Créditos de carbono são vistos como um meio de incentivar uma economia mais verde e promover mudanças estruturais profundamente necessárias que não ocorreriam de outra forma. Quando uma atividade é percebida como financeiramente viável sem a venda de créditos de carbono, ela corre o risco de ser excluída das metodologias aprovadas nos programas de gases de efeito estufa. As energias solar e eólica se tornaram surpreendentemente mais baratas na última década – seus preços caíram respectivamente 89% e 70% – e agora são bastante competitivas no setor. Podemos esperar que as matrizes energéticas se tornem mais limpas no futuro próximo, porém essa transição será muito mais difícil em países pobres onde o financiamento é escasso e há poucos recursos disponíveis.

Programas de gases de efeito estufa podem ter restrições geográficas no reconhecimento de projetos de energia renovável. Projetos de energia renovável conectados à rede em países de renda alta e média, como o Brasil, tendem a não ser elegíveis para emissão de créditos de carbono nos principais Programas de GEE, como Verra e Gold Standard.

 

CCUS, Biochar e outros

Além das formas mais tradicionais de emissão de créditos de carbono, existem diversas metodologias alternativas que abrangem várias atividades diferentes. A Verra, por exemplo, possui uma metodologia de biochar que quantifica a remoção de CO2 da conversão de biomassa em biochar e sua posterior aplicação, como corretivos de solo ou em materiais de construção, como o concreto.

Novas metodologias também estão sendo constantemente propostas, permitindo que novas tecnologias e atividades sejam elegíveis para a emissão de créditos de carbono. A captura e armazenamento de carbono (CCUS) é uma delas. Ela envolve a captura de CO2 e seu subsequente armazenamento em formações geológicas profundas no subsolo. O CO2 pode ser capturado diretamente do ar (Direct Air Capture, em inglês – DAC) ou de grandes fontes de emissões de GEE, como processos industriais. Atualmente, a Verra está revisando sua metodologia de captura e armazenamento de carbono e deve lançá-la em breve. Ela permitiria que instalações de DAC emitissem créditos de carbono e impulsionaria esse setor emergente.